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A era pós flashmobs. Uma reflexão.

Este não é um texto técnico sobre publicidade, muito menos uma análise profunda sobre o significado de uma ação viral no mundo das marcas. Mas é uma simples observação de tendências que tomaram nossos feeds de blogs, sites e Twitter nos últimos tempos.

Há um tempo atrás, o YouTube estava tomado de ações de flashmobs. Os flashmobs não são novidade, já que são reuniões de pessoas dispostas a fazer uma ação conjunta para comover, ou causar impacto e depois se dispersarem – no caso da publicidade, com o fim de divulgar alguma marca. Ou seja, esse princípio não parece ter nada de avant-garde para ser considerado a Eureka do século 21.

Mas o que eu achei interessante foi que nestes últimos anos de 2009 e 2010 consigo me lembrar de alguns vários flashmobs usando a música Thriller, do Michael Jackson, Zombie e freak-multi-crazy Walks, e outros utilizando coreografias para hits, como o que foi feito para a Oprah com os Black Eyed Peas, Vodafone, Havaianas e mais uma infinidade. O negócio ficou tão popular e tão “viralizado” – palavrinha que virou gíria na web – que tudo que era marca queria fazer flashmob. Virou uma festa. Tudo muito fácil! Reúne uns malucos ali e bota pra requebrar, u-hu.

Pois é, cansou, a modinha passou. E agora me parece que estamos numa era mais “pessoal”, onde as marcas já perceberam que convencer o consumidor à base do verbo no imperativo já não cola mais. Além de já não ser mais novidade que redes sociais aproximam pessoas de marcas que saibam utilizá-las (atenção: que saibam utilizá-las bem!), a nova era compartilha mais ideias e estilos de vida do que propriamente venda do produto.

A Unimed elaborou um guia esportivo comum a todos, com dicas de circuitos possíveis de serem realizados por pessoas comuns e até sedentárias (como eu) em bairros do Rio, a LG criou uma página colaborativa no Facebook, onde pessoas, sem critério de idade, podiam compartilhar ideias sobre produtos que gostariam que existissem, a Brastemp reuniu 11 rádios para estimular os motoristas sorrirem para o próximo na hora do rush, e pra quem não lembra aquela série de ações da Volks, transformando coisas do dia a dia que ninguém costuma fazer em coisas interessantes e legais para estimular o cuidado com o meio ambiente / vida, como a escada onde cada degrau era uma tecla de piano, ou o lixo que era um game retrô.

As empresas que sacaram a ideologia da nova era mudaram seus discursos, e hoje parecem que te conhecem pelo nome e que se preocupam com sua qualidade de vida, com sua paz interior e sua felicidade. A gente sabe que no fundo eles querem vender e fazer que você gaste cada centavo do seu porquinho, mas a sensação de que uma marca, que a gente chamava de “alguma coisa” de repente virou “alguém” é muito boa.

Cada época tem seu perfil, não estou criticando os flashmobs, foram até legais e assim como a moda, devem voltar em alguma coleção verão ou inverno por aí, mas percebo que “qualidade de vida”e “personalização” são palavras chave do dia a dia mercadológico.

Fica a inspiração da ideia da Brastemp pra vocês.

Letícia Motta

Designer gráfico com experiência no mercado há mais de 15 anos, atua nas áreas de design gráfico, digital design e direção de arte. Bacharel em Design, com extensão em Coolhunting e MBA em marketing digital. Fundadora do estúdio leticiamotta.com.

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