Geladeiras cor-de-rosa e verde-água, batedeiras arredondadas, design aerodinâmico. O antigo está na moda no mundo dos eletrodomésticos.
Assim como no mundo das roupas e acessórios, o design de interiores também tem suas tendências. Já vivemos a época em que ter uma geladeira em aço escovado era sinônimo de modernidade e elegância, a época do 100% clean, com cozinhas brancas hospitalares, e a era do fashion-vintage, que acredito que seja a mais presente no momento atual.
Marcas famosas estão trazendo de volta clássicos dos anos 40 e 50, juntando o design de seus produtos antigos com novas tecnologias e recursos. Um mix saudável entre nostalgia e inovação.
Um pouco de história
Foi no século XIX que a eletricidade entrou no cotidiano da sociedade. Em 1881, Paris sediou a Primeira Feira Internacional de Eletricidade, mostrando novidades como o telefone, automóvel elétrico e mais de 1000 lâmpadas incandescentes acendendo ao mesmo tempo. A partir de então, as empresas fornecedoras de energia elétrica começaram a pensar em novos segmentos de produtos, mais populares, para que o consumo de energia elétrica aumentasse, e junto com ele, a tecnologia de aparelhos elétricos se difundisse, auxiliando a vida doméstica.
Apesar de a produção e comercialização de eletrodomésticos ter começado a partir de 1880 na Europa, no Brasil, o fenômeno só foi consolidado a partir da Segunda Guerra Mundial (1939 – 1945).
E os anos da Segunda Guerra marcaram uma revolução no Design de produtos.
Segunda Guerra
Antes da Segunda Guerra, o estilo decorativo ero o principal movimento estético. Tanto nas artes, quanto na arquitetura, o Art Nouveau trazia o ornamento em primeiro lugar, acima da funcionalidade. Já com a guerra, as indústrias foram colocadas à prova, tendo que criar novas maneiras de adaptar a escassez de materiais à produção em massa, trazendo o funcionalismo à tona. Estudos de ergonomia, estética aerodinâmica, além dos polímeros, saíram da esfera da indústria bélica e foram importados pelas empresas.
O polímero, matéria-prima do plástico, fornecia uma maior flexibilidade e agilidade na produção. Isso contribuiu para a evolução da indústria do Design, pois o novo material permitia infinitos experimentos formais. Em paralelo aos antigos objetos reformulados em novos materiais, nasciam os rádios portáteis, televisores e novos eletrônicos, aliados aos novos transistors, chips e outros recursos eletrônicos.
A publicidade ganha destaque, pois com novos meios de comunicação e mais concorrentes, as marcas precisavam chegar ao consumidor.
O renascimento do design retrô
Hoje, as marcas estão investindo no retorno deste modelo estético presentes nos anos 40 e 50, aliados a novas funções automáticas que as mulheres de “Stepford” adorariam ter conhecido. Está muito fácil comprar eletrodomésticos deste tipo, ainda mais com a grande variedade de modelos.
Repare só:
Vamos combinar que poder decorar um cantinho da casa como nos velhos tempos, para fugir do ritmo frenético do dia-a-dia é tudo de bom. Fica a dica.
Referências
Foto do destaque: Roy Varga
ABRAMOVITZ, José et al. Eletrodomésticos: origens, história e design no Brasil. Fraiha. Rio de Janeiro, 2006 (disponível aqui )
MORAES, Dijon de. Limites do design. Studio Nobel. 1997.
Comments (2)
Leandro Leitesays:
15 de outubro de 2012 at 13:04Ótima reportagem, muitas informações novas pro meu repertório x}
Mas o estilo decorativo que colocava a estética acima da funcionalidade não era o art déco?
Letícia Mottasays:
15 de outubro de 2012 at 13:57Oi Leandro. Obrigada! O Art Nouveau veio antes do Art Déco e era quase que 100% ornamental, tentando reproduzir os floreios das artes na mobília. O Déco tb era ornamental, mas já sofria influências de novos movimentos artísticos, como o cubismo, e testava o uso de novos materiais mais funcionais. Mas ainda não era uma Bauhaus, rs. Tem um post sobre Art Déco aqui http://www.cutedrop.com.br/?p=7099. Obrigada pelo seu comentário!