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Os 20 anos de “In Utero”, o último álbum do Nirvana

Uma sexta-feira 13 em que se completam 20 anos de uma obra-prima criada por uma das bandas mais icônicas do grunge.

Nossa colaboradora especial do dia, Bia Medeiros, do site Metal Ground, nos leva para uma viagem pelo CD, lançado em 13 de setembro de 1993.
Polêmicas, críticas, paixões, as excentricidades de Kurt Cobain e a história da banda reunidas em um só post.

Origens

Para começar, é importante conhecer as origens.

O Nirvana nasceu em Seattle, uma cidade que começou a ficar conhecida depois da explosão do “grunge”, uma categoria do rock que se baseia nos princípios simples do punk e tem lá o seu pé no heavy metal.
A cena do grunge dos arredores arrebatava praticamente todo os jovens da pequena e chuvosa cidade, porque pouquíssimas bandas chegavam até eles.

Seattle raramente entrava no circuito de bandas de rock, já que é uma cidade marginal, de médio porte e fronteiriça com o Canadá. Ou seja, um local que chama pouca atenção de grandes músicos e seus empresários. Ainda assim, guardava uma gama enorme de fãs ávidos por música e, principalmente, por rock’n roll.

Foi nesse cenário de descobertas que Kurt Cobain e Krist Novoselic se conheceram.  Ambos estudavam no Aberdeen High, mas viraram amigos mesmo enquanto assistiam os ensaios da banda Melvins (uma das pioneiras do circuito grunge – engana-se quem pensa que o Nirvana foi a primeira banda deste estilo).

Os “Melvins”

Kurt, no desejo de fazer parte de um grupo musical, entregou uma fita com um demo chamada Fecal Matter. Após três anos, em 1986, Krist chamou Kurt para formarem uma banda. Segundo ele a canção que mais lhe chamou atenção do demo foi a “Spank Thru”.

Capítulo à parte: o baterista

Com a ideia da banda conduzida (e Kurt dormindo provisoriamente na Kombi de Krist), ambos precisavam de um terceiro elemento que tocasse ou guitarra e cantasse ou tocasse bateria (Kurt Cobain era um baterista esplêndido).
Convidaram Bob McFadden para a percussão, mas após um desentendimento do mesmo com Cobain sobre questões sonoras, o projeto foi por água abaixo. Foi apenas em 1987 que o Nirvana começou a ganhar forma, após Kurt e Krist se juntarem ao baterista Aaron Burckhard. Eles começaram a ensaiar em estúdio e a escrever as próprias músicas.

Kurt chegou a conclusão de que queria que sua banda se chamasse Nirvana em 1988, porque, além de ser um aficionado pelo budismo, via esse nome como um símbolo de conseguir perfeição. O baterista do momento era Dave Foster, mas ele também não durou muito tempo: acabou sendo preso por porte ilegal de maconha e, consequentemente, saiu da recente Nirvana no ano seguinte.

Após uma procura rápida e algumas indicações, Kurt e Krist recrutaram Chad Channing para o Nirvana. Foi com ele na formação que foi lançado em 1989 o single “Love Buzz” e, em junho do mesmo ano, o álbum “Bleach” lançado pela Sub Pop, o primeiro do da banda.

O álbum apresenta 11 faixas e traz todo o tom sujo do grunge de Seattle que era completamente influenciado pelo punk. O álbum foi relançado em 1992 pela Geffen Records.

Com um álbum lançado, Kurt Cobain começou a sentir que a sonoridade do Nirvana precisava mudar e, por isso, em 1990, ele demitiu o baterista Chad Channing. Na necessidade de ainda precisar produzir, Cobain e Novoselic contrataram o baterista da banda Mudhoney, Dan Peters, e com ele gravaram o single “Sliver”.

Ainda sem baterista fixo (ainda que no mesmo ano eles tenham saído em uma turnê, para abrir shows do Sonic Youth, com Dale Crover na percussão), Buzz Osbourne, do Melvins, resolveu ajudar ao Nirvana e apresentou Dave Grohl a Kurt e Krist.
A compatibilidade foi quase imediata, tanto que Dave se tornou o baterista definitivo do Nirvana.

O atual vocalista do Foo Fighters como integrante do Nirvana.

No mesmo ano, o Nirvana começou a trabalhar no álbum que seria o estouro da banda e o que colocaria a cena grunge para o mundo:  Nevermind.

Nevermind

Após assinar com a DGC Records, a mesma gravadora de bandas como o Sonic Youth, começou a produção do single e vídeo clipe “Smells Like Teen Spirit”, que ganhou uma grande visibilidade, graças à febre da MTV.

O álbum apresentava uma crítica enorme e a acidez de Kurt Cobain, o que atraiu muito o público. Além do sucesso de “Smells Like Teen Spirit”, outra música chamou muito a atenção da crítica, “Polly”.

Para escrevê-la, Cobain se embasou em um acontecimento verídico. Uma menina fora raptada ao voltar de um show de rock naquele ano, foi abusada e torturada, mas conseguiu escapar de seu raptor ao ganhar a confiança dele mentindo. O homem foi até um posto de gasolina com a vítima no banco de trás de seu carro e, ao sair para comprar cigarros, a garota que estava somente com as mãos amarradas, conseguiu sair do carro.

Kurt fez a composição da música como se estivesse dentro da cabeça do raptor que, logo depois, se confessou.

A capa do álbum foi um outro atrativo. O bebê nadando atrás de uma nota de um dólar pode ser interpretado de várias formas. A crítica criou teorias interessantíssimas sobre o capitalismo e a prisão humana ao sistema.
Segundo Kurt Cobain, ele achava interessante os partos que aconteciam dentro da água e achou que ia ficar legal se colocasse um bebê nadando atrás de uma nota de um dólar.

Em 24 de setembro de 1991 saiu o álbum com 12 faixas, a representação do auge do Nirvana e do início do declínio de Kurt por causa da heroína.
O “Nervermind” ficou nas paradas da Billboard até janeiro de 1992, quando conquistou o primeiro lugar das paradas.

Em 92, nasce a filha de Kurt Cobain com sua mulher, Courtney Love, a pequena Frances Bean Cobain. Kurt e Courtney são cercados e pressionados pela mídia o tempo todo com acusações de que não poderiam ser bons pais por conta dos vícios em cocaína e heroína. Ambos se comprometem a mudar por conta da filha.

Kurt, Courtney e a baby Frances.

In Utero

O ápice do Nirvana, no ano consecutivo, e a pressão para que fosse feito um outro álbum tão bom quanto o “Nevermind” era enorme para Kurt, Krist e Dave.  Muitos shows aconteciam e havia uma promessa de um Unplugged MTV em 1992.
Portanto, eles começaram a trabalhar em um novo projeto e logo seria lançado, em 1993, o ” In Utero”, um álbum que Kurt mentalizava por algum tempo e que foi muito bem recebido pelos fãs, estreando em primeiro lugar no top 200 da Billboard.
O ano coincidiu com o pior ano para o vício de Kurt.

O fim. E o retorno.

Amigos e fãs preocupados com a situação do músico resolvem intervir e convencê-lo a entrar em uma clínica de reabilitação.
Kurt é convencido no início de 1994 e resolve fazer o tratamento, mas em abril daquele mesmo ano, foge de volta para Seattle e é encontrado morto, desde o dia 8 de abril, em sua casa.
Ele comete suicídio dando um tiro com a espingarda na cabeça.

Com a morte de Kurt Cobain, Dave Grohl e Krist Novoselic não veem sentido em prosseguir com o Nirvana e a banda acaba no mesmo dia.O álbum “Nevermind” é considerado um ícone até os dias de hoje.
Foi o álbum que trouxe ao mundo não somente o Nirvana, mas todo um cenário grunge de Seattle.
A referência é tão forte que, em 2011, quando o álbum aniversariou seus 20 anos, ele ganhou uma remasterização e foi relançado em duas versões, Deluxe e Super Deluxe, pela Universal.

Edição especial de 2011.

Para comemorar os 20 anos de ‘In Utero’,  uma re-edição será lançada.
Ela contará com 70 músicas que variam entre Demos nunca antes divulgadas, B-sides e versões ao vivo de algumas canções, todas devidamente remixadas e remasterizadas.
Como se isso já não fosse sensacional, ainda será lançado um DVD contendo uma apresentação da banda no Live and Loud em 1993.

A versão Super Deluxe terá 3 CDs e 1 DVD; para os saudosistas e entusiastas do bolachão, será lançada uma versão com 2 CDs e 3 LPs.

A revista “Rolling Stone” também publicou, em agosto, uma matéria bem bacana sobre o CD (leia aqui).

 

Leitor Cutedropper

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