Existe mesmo a beleza padrão das passarelas? Como as marcas estão revendo este conceito?
A beleza sempre foi assunto que deu pano pra manga. Desde os filósofos pré-socráticos a discussão rola solta. A escola pitagórica inclusive estabeleceu relações entre o conceito de beleza e a matemática. Mas a gente sabe que os valores considerados como “padrões” mudam de acordo com a época, a cultura e a sociedade. Mesmo nas passarelas. Repara na linha do tempo das “misses universo”. Muita coisa mudou, né?
As marcas relacionadas ao mercado da moda, beleza e cosméticos há um tempo já sofrem pressão da sociedade para criarem produtos para mulheres com medidas mais “cotidianas”, ao invés de estimularem a magreza excessiva. A onda plus size foi uma resposta a isso, e várias marcas já apostam neste tipo de inclusão. Por outro lado, mesmo os editoriais que utilizam gente como a gente, calibram na manipulação, transformando mulheres em bonecas…
Como levantar a bandeira da beleza democrática? Vamos ver marcas que não têm só falado, mas feito algo a respeito do tema.
Rick Owens
O estilista americano que também dá nome à marca resolveu trazer modelos bem diferentes das convencionais para as passarelas da Paris Fashion Week 2013. Para apresentar a coleção verão 2014, ele apostou em step dancers de Washington D.C., que foram, além de originais, extremamente performáticas, dançando e fazendo caretas expressivas.
Foram modelos brancas, negras, asiáticas, entre outras etnias, que também exibiam formas mais próximas às pessoas comuns.
Segundo o site PureTrend, Owens afirmou que:
“A questão toda era fazer as pessoas olharem e se sentirem bonitas. Se uma garota não se sentir confortável com alguma coisa, nós não fazemos, nós queremos que elas se sintam poderosas”
Veja o vídeo do desfile:
Debenhams
A marca de roupas do Reino Unido apostou na inclusão de diferentes tipos físicos em seu editorial de 2012. Foi a vencedora do Body Confidence Awards, e repetiu a dose em 2013, com lindas fotos para a coleção de verão. Uma modelo de 70 anos, uma atleta paralímpica, plus size e outros “esteriótipos” que geralmente são comuns nas ruas, mas não nas passarelas, entraram para o book. Como disse Ed Watson, diretor de RP da Debenhams:
“Nossos consumidores não possuem a mesma forma ou tramanho então nosso último lookbook celebrou a diversidade. Ficaríamos gratos se outros fizessem o mesmo. Temos a esperança de que estes cliques sejam um passo a favor de que as pessoas se sintam mais confortáveis com seus corpos”.
Verily
A Verily Magazine declarou guerra às capas de revistas com mulheres altamente “tratadas” no Photoshop, assumindo que nenhuma manipulação deve ser feita nas suas fotografias. Maquiagem, truques de luz? Ok. Photoshop? Não. O manifesto da marca é o seguinte:
“Enquanto outras revistas alteram artificialmente imagens no Photoshop para alcançar o tão aclamado corpo ideal, ou deixar um máximo de 3 rugas na pele, a Verily nunca altera o corpo ou estrutura facial das suas modelos.”
Além disso, a revista publica uma seção chamada “Runway To Realway”, na qual reproduz os looks das passarelas em advogadas, arquitetas, médicas etc, com itens mais acessíveis e encontrados nas araras das lojas.
Benetton
United colors of Benetton. Não é de hoje que a marca trabalha a inclusão nas suas campanhas. Aqui, o assunto gira menos em torno de formas, e mais em torno de etnias, culturas e gêneros.
Prova disso é a UNHATE foundation, instituição que realiza ações contra a discriminação. O Brasil está na mira do UNHATE, através de iniciativas contra a violência e exclusão em áreas do subúrbio, como as favelas. Os embaixadores da campanha são personalidades que lutam por alguma causa, ou que são conhecidos por sua personalidade marcante, como a transex Lea T, a modelo e ativista sul-sudanesa Alek Wek ou a modelo do cabelo rosa, Charlote Free.
Dove
Há bastante tempo a marca vem trabalhando o conceito de “beleza real”. Um dos destaque das suas criações foi o vídeo que levou mais de 15 Leões em Cannes: “Retratos da Real Beleza/Real Beauty Sketches” (Ogilvy Brasil). A marca não está inserida diretamente no mercado da moda, como vestuário, acessórios ou revista de beleza, mas é uma marca de cosméticos. Então tá valendo.
Lembra de mais alguma marca que trabalha bem o conceito de inclusão de beleza? Comenta aqui!
Comments (1)
Drika Valériosays:
20 de outubro de 2013 at 3:46Tá ae uma nova marca que trabalha com moda inclusiva:
https://www.facebook.com/somostodosnos1