Duas letrinhas podem fazer toda a diferença no seu projeto gráfico. Saiba como aplicar corretamente as cores (e os tipos de papel) no seu layout.
Qual designer já teve a chance de fazer um projeto gráfico utilizando uma cor especial? Se você já teve essa oportunidade de escolher uma tinta diferente de ciano, magenta, amarelo ou preto para colorir seu impresso, sabe o quão prazeroso é ficar escolhendo a cor na escala de cores da PANTONE.
Entre centenas de tintas maravilhosas, incluindo neon e metálicas, existem códigos muito estranhos de cor e duas letrinhas que podem fazer TODA a diferença no resultado do seu projeto: a letra U e a letra C.
A culpa é do papel
Tudo começa com a escolha do suporte onde sua tinta será impressa. O comportamento da cor sobre diversos tipos de papel, tecidos, plásticos, é bem diferente, por mais que a tinta seja a mesma. Se você escolher um azul, por exemplo, e aplicar o mesmo pigmento sobre um papel fosco e poroso, por mais alvo que ele seja, a forma de absorção da tinta pelo papel acontecerá de forma diferente da tinta aplicada sobre um papel mais liso (maior lisura).
Olha só a diferença dos mesmos códigos de azul quando aplicados sobre uma superfície C e quando sobre um outro papel de classificação U:
A escolha da superfície faz tanta diferença que a PANTONE tem color guides (guias de cor) para designers gráficos que trabalham com papéis, para quem trabalha com indústria têxtil, para aplicações em superfícies plásticas, embalagens e até um guia de tons de pele para a indústria de cosméticos.
Mas o que significam as letras, afinal?
Quando falamos de papéis, existe um processo chamado de revestimento, que é uma combinação química que faz com que o papel produzido saia já de fábrica com uma espécie de camada protetora por cima da folha. Leigamente falando, parece que o papel já vem com um verniz aplicado nele. Apesar de não ter nada de verniz, a sensação é de que o papel tem um camada especial, o que faz dele um papel revestido, ou, em inglês, coated, o que justifica o uso da letra C no guia da PANTONE.
Já o papel que não passou por este processo especial de revestimento, é chamado uncoated, ou “não revestido”. Por isso a letra U utilizada no código PMS de cor (Pantone Matching System).
De um modo prático, para você conseguir visualizar bem o que é um papel coated e outro uncoated, pense no queridinho dos designers: o papel Couché.
O couché nada mais é do que um papel Offset, este papel branquinho que você usa na sua impressora de casa, só que passado por um processo químico especial que faz com que ele ganhe um revestimento, dando a ele uma textura ainda mais lisa, brilhosa ou matte.
O revestimento faz com que as cores fiquem mais “vivas”, pois o pigmento da tinta seca sobre o revestimento e não sofre tanto com a absorção pelas fibras do papel, como acontece com o uncoated, o que faz com que o resultado em uma superfície seja bem diferente da outra.
E o que fazer?
Muitos designers ficam pensando em como agir se estiverem trabalhando em um manual de identidade visual, por exemplo.
Em alguns casos mais graves, em que a mudança do comportamento da cor é muito intensa, existe a possibilidade de você indicar um código PMS C para papéis revestidos e outro PMS U para papéis não revestidos, para que, apesar de tintas diferentes, o resultado da visualização da cor seja parecido.
É o que acontece neste manual da marca FEDEX, em que é sugerido um outro amarelo caso a aplicação da identidade seja feita sobre um papel não revestido.
Isso não acontece somente com tintas especiais da PANTONE, mas com qualquer pigmento transparente, ou seja, qualquer uma das cores primárias do nosso sistema CMYK de impressão.
Para cores institucionais ou sólidas, é muito bom ter uma escala de cores para conferir como uma combinação de cores CMYK se comporta sobre papéis diferentes. Mas isso é papo pra um outro post.
Bom projeto!
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