Conheça a designer que criou a cultura iconográfica da Apple, que se disseminou para o mundo tecnológico que conhecemos hoje.
Susan Kare é uma designer que fez história na vida de todos nós. Mas provavelmente, pouca gente sabe disso.
Quando, em 1984, o primeiro Macintosh, o 128k, foi lançado no mercado, trouxe uma revolução na tecnologia de uso pessoal: a interface gráfica (GUI – graphic user interface). Antes, o que era feito utilizando linhas de comando, agora tinha uma carinha amigável, com um apelo mais emocional e carismático. Antes do Mac, a XEROX já havia criado um computador com interface gráfica, mas que não foi bem sucedido. O Macintosh era o primeiro a ser vendido para uso pessoal, com sucesso.
Pra você ter uma ideia, ícones no desktop, possibilidade de escolher tipografias diferentes, e até mesmo botões gráficos para ajudar no uso das ferramentas, surgiram, popularmente, aí.
Veja a apresentação pública do Macintosh pelo próprio Steve Jobs e todo o seu talento para showbiz:
Porém, diferente do que você possa imaginar, não foi o próprio Steve que saiu metendo a mão em tudo no Mac. Jobs contava com uma equipe talentosa e criativa, que ajudou a empresa a ganhar as grandes proporções que têm hoje. E, em meio a esta equipe, estava uma designer nova iorquina, nascida em 1954, chamada Susan Kare.
Susan, a convite de um colega de escola que integrava o time Apple, Andy Hertzfeld – arquiteto de software, passou a fazer parte da empresa em 1982, sob a responsabilidade de criar a interface gráfica do próximo sistema. Elementos como famílias tipográficas e, principalmente, a iconografia, fizeram história na sua carreira.
Provavelmente, se você já viu um ícone de floppy disk (o velho disquete), enquanto salva um arquivo, ou sabe que os arquivos deletados vão pra lixeira, você tem mais referências de Susan Kare do que imaginava.
Para o Mac, Kare projetou a primeira fonte com espaçamento proporcionalmente criado para o meio digital, com o objetivo de ser tão legível quanto as letras nas páginas de um livro.
Veja Susan, em 1983, comentando sobre a inovação gráfica dos computadores, mais especificamente, sobre o Macintosh (vídeo em inglês):
Praticamente a precursora da pixel art, Susan tinha em mente que os ícones deveriam ser criados para serem entendidos “pelo resto de nós”, como cita em seu site. Sem exageros de detalhes, as ilustrações deveriam ter o máximo possível de simplicidade, a ponto de serem compreensíveis em suas funções, mantendo, além disso tudo, um estilo, uma identidade gráfica. A designer utilizava folhas quadriculadas, nas quais cada quadradinho representava um pixel, para criar seus ícones.
Parece que Susan foi tão bem sucedida nas suas criações que em março de 2015 foi reconhecida pelo MOMA (Modern Museum of Arts), e seus sketches foram adquiridos pelo museu para uma exposição chamada This is for Everyone: Design Experiments For The Common Good. (“Isso é para todos: experimentos de Design para as coisas do dia-a-dia”, em tradução livre).
O MOMA classifica Susan da seguinte forma:
“Uma designer de ícones para computador pioneira e influenciadora. Desde 1983, Kare criou milhares de ícones para empresas de software líderes mundiais. Utilizando uma grade de pixels minimalista construída com precisão em mosaicos, seus ícones comunicam sua função imediatamente e de forma memorável, com sagacidade e estilo”.
Hoje em dia, se você acha que a designer de 51 anos está aposentada, comentando que o Mac 128k era melhor, pode mudar de ideia. Este ano, Kare foi contratada pelo Pinterest para liderar uma equipe de design de produto, cujas funções específicas ainda não foram publicamente abertas pela empresa.
A moça continua espalhando seu talento pelo mundo binário.
E, pra encerrar, uma versão em pixel do Steve Jobs em 1983, por Susan Kare.
Saiba mais sobre Susan no seu site oficial. Você também pode adquirir seu livro ou prints com os clássicos ícones originais aqui.
Comments (1)
Caio Portellasays:
14 de setembro de 2015 at 11:04ok xerox não foi bem sucedida? o próprio JOB disse isso, ele comprou junto com o Bill gates… bem ladão que rouba ladão